domingo, 4 de agosto de 2013

Ego, Teoria da Dominância ou o que? Abaixo devolutiva técnica sobre o vídeo - Por Ivan Chitolina


Nesse vídeo podemos ver uma leitura equivocada do Cesar Millan. Ao não identificar o comportamento do Labrador como possessividade por recursos, onde um organismo por questões relacionadas ao comportamento da espécie e a sua sobrevivência, adquire posse daquilo que lhe é importante na obtenção da homeostase (equilíbrio), no caso do vídeo, o cão demosntrou isso em relação a ração, que significa sua sobrevivência. O conflito se dá pelo aumento da pressão do Cesar Millan em relação ao cachorro, provocando inicialmente respostas de fuga ou esquiva no cão. Não havendo essa possibilidade, pois o CM não lhe deu de saídas boas, aumentando assim a sua pressão, motivando os comportamentos de auto-defesa! Onde se manifesta com uma mordida rápida, nervosa e intensa, a fim de afastar o perigo e de proteger esse recursos tão importante para a sua sobrevivência. A ração. Erro básico de leitura e que não tem nada a ver emse  impor pela premissa da dominância ou liderança. O cão deu sinais claros sobre o aumento da pressão e na motivação do comportamento de auto-defesa . Situações assim podem comprometer muitos cães. Mas volto a dizer, errar todos erramos, é uma crítica ao CM nessa situação ok?  Ah e o fato de que o cão "aceitou" a aproximação do CM após tanto conflito se dá por um processo que se chama Flooding, não tendo nada a ver com aceitar a dominância do CM ou se tornar submisso
O flooding (terapia por inundação) é uma técnica terapêutica que consiste na exposição ao vivo e direta aos estímulos que conflitam com o cão e que causam-lhe medo.
A teoria é de que o cão deve ser exposto a um estímulo (gatilho) para uma quantidade de tempo prolongado num ambiente controlado, de modo que ele possa atravessar e passar a fase de ansiedade / medo, até o ponto onde as alterações emocionais resposta (em outras palavras até que o cão percebe que não há realmente nada a temer). Todos nós treinadores mais cedo ou mais tarde utilizamos essa técnica e muitas vezes colocamos tudo num mesmo conceito, o da dessenssibilização sistemática ou contra-condicionamento. Na verdade expor o cão aos estímulos que provocam a resposta de medo nele é o flooding ou terapia por inundação. A técnica utilizada pode variar entre dessenssibilização sistemática ou contra-condicionamento ou outras. O que ocorre é que esse processo deve ser gradual e muito bem planejado, pois colocar o cão em flooding sem direcionar saídas reforçadoras ao comportamento objetivado vai acarretar numa grande descarga de adrenalina, podendo a resposta ser fuga, esquiva, agressão ou paralisação.Já ouviram falar em desamparo aprendido? Pois é, protocolos comportamentais como os citados acima mal empregados pode acarretar em desamparo aprendido. A paralisação do cão é uma das manifestações disso. Em outras palavras, fazer o que foi feito sem pensar nas saídas para o animal é de certa forma muito injusto e improdutivo. Como não houve planejamento na ação do CM nessa situação, o cão aprendeu que não reagir é a melhor resposta. Ele não ensinou o cão a ser submisso, ele ensinou a entrar em estado de desamparo e como conseqüência a “aceitar” a aproximação dele. 
A agressão dela também pode ser interpretada como  agressão predatória em defesa do alimento,  não tendo nada a ver com falta de socialização, ela se manifestou de forma pontual. O que ocorreu é que o CM continuou a pressionar e a provocar, e a agressão foi direcionada a ele. Agora, porque ele fez isso? Porque na mente do Cesar Millan, cães são lobos domesticados, que precisam de liderança e que funcionam sob a Teoria da Dominância, teoria essa REFUTADA pelos próprios teóricos e pesquisadores que a criaram. Cães são cães e não lobos, tampouco lobos domesticados. Para concluir, a mesma mão que bateu, foi fazer carinho. O CM só pode estar de sacanagem com o cachorro. E não, não precisa bater, nunca!  O que é diferente de punir! 


Abraço a todos

Ivan Chitolina

2 comentários:

soumaiseu.blogs.sapo.pt disse...

Olá! Excelente texto. Já tinha visto este video do Cesar e na altura achei estranha a abordagem dele. Hoje percebi porquê. Não treino cães profissionalmente, tenho um Labrador que educo com instinto e respeito. Como resultado tenho um cão muito meigo, algo teimoso, mas dócil e carinhoso. Gostei mesmo muito das suas palavras!
Saudações de Portugal!
São

Ivan Chitolina disse...

Obrigado pelo comentário. Realmente a abordagem dele foi muito errada e o resultado foi péssimo para ambos. Grande abraço e saudações do Brasil!