“Muitas pessoas
acreditam que os cães são apenas lobos domesticados. Essa crença se mantém
devido ao fato de que alguns cães se parecem tanto com lobos que fica difícil para
qualquer pessoa, com exceção dos cientistas treinados, diferenciá-los”
Aqui caro leitor, acrescento mais um aspecto. Durante anos
essa crença se permaneceu devido ao fato de que o estudo da teoria da dominância
em lobos, foi utilizado como parâmetro e compreensão dos comportamentos
caninos. Até hoje, muitos adestradores defendem e divulgam essa idéia e não
raro, treinadores desatualizados do show-business inflam o peito ao defender
que sim, os cães são lobos domesticados e que sim, devemos analisar o
comportamento canino com base na teoria da dominância. Ora, crer que uma espécie
como a canina evoluiu para um apego com a espécie humana onde o convívio fosse
possível, tendo como parâmetro DOMINADOR-SUBMISSO, seria praticamente impossível
de haver a domesticação. Uma das espécies iria dançar. Darwin explica. Já foi
provado que o processo de domesticação dos cães se estabeleceu numa relação de
afiliação e não de dominância e submissão. Voltando ao texto:
“Exemplos de
semelhanças desse tipo, são o Pastor-alemão e o Lobo cinzento, ou o Husky
siberiano e o Lobo ártico. É claro que esse argumento enfraquece diante de cães
como o Daschund e o São Bernardo, que não se parecem em nada com lobos. Sendo
assim, como os cientistas sabem que os cães possuem ancestralidade em comum com
o lobo?
Existem muitos
procedimentos científicos para tentar responder a essa pergunta. Um deles é o
exame de material genético, isto é, o DNA de cães e lobos. Ao examinar esse
material descobriu-se que há uma sobreposição de quase 99%, em média, entre o
DNA dos lobos e dos cães domésticos. Na verdade, o DNA de algumas raças de cães
às vezes apresentam diferenças maiores entre si do que a encontrada entre
certas raças mais antigas e lobos.
Antes que as
semelhanças genéticas nos levem a concluir que cães e lobos devem ser a mesma
espécie, diferindo apenas no fato de que os cães foram domesticados e amansados
para coexistir com os seres humanos, precisamos considerar outros fatores. Em
primeiro lugar, tanto cães quanto lobos pertencem ao mesmo grupo filogenético Carnívora,
ou comedores de carne. Esse grupo inclui muitas outras espécies caninas, como
os chacais, coiotes, dingos, cães selvagens e raposas.
Quando examinamos o
DNA de todas essas outras espécies de caninos selvagens e comparamos cada um
com o DNA dos cães domésticos, descobrimos que eles tem o mesmo espectro de
sobreposição dos cães. Isso significa que o DNA de um chacal ou de um dingo se
parece tanto com o DNA de um cão quanto o DNA de um lobo.”
Opa, tem gente pulando da cadeira agora, mas calma que
Stanley Coren continua:
“Se a resposta obtida
através do DNA não é conclusiva, então talvez possamos usar outra técnica. Existe
outra maneira de avaliar se cães e lobos são da mesma espécie, algo aceito há
muito tempo – o acasalamento entre esses dois animais, produzindo descendentes férteis,
geralmente é aceita como evidência de que fazem parte da mesma espécie. O fato
de que cães e lobos podem cruzar é bastante conhecido. Na verdade, há quem
produza animais híbridos (lobos-cães) para venda como animais exóticos. Mas os
cientistas já mostraram que os cães domésticos podem cruzar com chacais,
coiotes, dingos, cães selvagens africanos, além de raposas do ártico e Níger foxes.”
É o Ivan Chitolina que está dizendo isso? Não! É o Stanley
Coren, pesquisador renomado da área. Por favor, briguem com ele, não comigo.
Mas calma que continua.
“Devemos lembrar, porém,,
que a fisiologia não é tudo. Sabemos, por exemplo, que cães e lobos se
comportam de maneiras diferentes. Para citar algumas diferenças, os lobos são
caçadores ativos e muito habilidosos, enquanto que a maioria das raças perdeu
esse talento. Os lobos tem o andar lento, os cães trotam. Os cães se ligam aos
humanos facilmente; os lobos, não. Os cães podem ser treinados para responder
aos comandos dos seres humanos de maneira consistente, enquanto os lobos, com
raras exceções, não.
O que podemos concluir
desses dados? Talvez seja melhor refazer a pergunta para encontrarmos uma
resposta. Vamos perguntar assim: “Quais espécies são ancestrais dos cães?”. Os
dados genéticos sugerem que talvez a conclusão mais simples e conservadora seja
a de que os cães são uma mistura de muitas das espécies de caninos selvagens
existentes e talvez até de espécies atualmente extintas. Se isso for verdadeiro,
estaria explicado como há entre os cães domésticos uma variação genética capaz
de produzir raças tão diferentes quanto o pequinês e o dogue alemão”
E assim, Stanley Coren termina a sua colocação.
Eu acrescento.
Menos masturbação lupina para entender e explicar o
comportamento canino e mais entendimento canino com o olhar para a espécie
canina.
Um grande abraço a todos.
Ivan Chitolina
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