Constantemente, vemos cenas nas ruas que nos obrigam parar para pensar, enfocando o seu aspecto evolutivo.
A aproximação do cão com o homem e sua domesticação é considerada como um incomum evento ocorrido há, aproximadamente, 11.000 anos na região da Caverna de Shanidar no Iraque.
O vínculo homem-cão tomou um rumo que, desde então, tem provido os seres humanos com uma vasta variedade de funções que os cães nos oferecem ou executam, como companheiros e proteção e condução de rebanhos.
Visto por esse aspecto, o respeito por um cão deve ser entendido levando-se em consideração o conhecimento desse processo evolutivo para a espécie, bem como pelo processo de domesticação. Caso contrário, haverá grandes chances de que ocorram projeções dignas de análise em uma terapia. Cabe esclarecer que projeção é entendida como a tendência de atribuir a outras pessoas, objetos ou animais, emoções, idéias ou atitudes que na realidade não possuem, mas que se originam de dentro de nós mesmos.
Embora exista uma parcela de donos realmente preocupados com o adestramento do seu cão e o vínculo com ele criado, a grande maioria não vê necessidade em recorrer a um profissional da área de comportamento canino. Uma vez que somente procurariam ajuda em situações mais graves, quando o cachorro representar perigo real para ele e a terceiros.
Neste sentido, quando nos deparamos com uma cena pitoresca de um cachorro com lacinhos, adesivos brilhantes em sua cabeça, unhas pintadas, roupinhas e sapatinhos - não deveríamos achar engraçadinho, bonitinho, etc. Deveríamos sim, questionarmos: Isso é respeitar um animal, uma espécie? Isso pode ser considerado uma forma de mau-trato? Que nível de consciência possui um dono que faz isso com o seu animal? A espécie canina evoluiu para isso?
E, ao invés, de considerarmos que o cachorro é “feliz” vivendo dessa forma, temos que nos perguntar se esse tipo de vínculo é saudável. A resposta é simplesmente não. Porque ela só diz respeito a três coisas: o desconhecimento do dono, a imposição do mercado e as projeções afetivas dos donos. Não é uma relação pautada em uma troca justa, pois não há trocas, o cachorro ganha tudo simplesmente por existir e lógico por ocupar essa lacuna afetiva do dono.
Todas as espécies na natureza (inclusive nós) necessitam trabalhar para sobreviver. Embora os cães em seu processo evolutivo tenham se adaptado ao convívio com os humanos, todos os seus impulsos de predadores estão latentes e facilmente visíveis em seu comportamento. Ignorar esse fato, independente do porte do seu cachorro é não respeitá-lo como espécie.
Entende-se por impulso aquilo que motiva o cachorro a tomar determinadas ações, o que determina um objetivo específico. O impulso de caça, por exemplo, tem como objetivo a aquisição de comida onde o faro do cachorro trabalha de forma mais intensa.
Não é á toa que muitos treinadores e especialistas em comportamento animal têm incentivado o enriquecimento ambiental como uma forma de tornar a vida do animal mais próxima de sua natureza como animal, de forma que ele encontre determinadas dificuldades e desafios que darão vazão a esses impulsos e, como conseqüência, uma vida mais saudável. Em outras palavras, não é saudável para um cachorro ganhar a sua quantia de ração sem a execução de algum trabalho em troca. É necessário que se dê sentido nessa sobrevivência. Há várias formas interessantes de dar sentido e vazão para os impulsos do seu cão, seja brincando com ele, passeando, correndo, com o manejo adequado no convívio ou ensinando-o a correr do seu lado numa guia enquanto você pedala ou anda de skate ou patins. Os exemplos são muitos e é importante que os cães sejam olhados dessa forma. Não é uma questão de escolha, mas sim uma questão de ética!
Um grande abraço a todos.
Ivan Chitolina
A aproximação do cão com o homem e sua domesticação é considerada como um incomum evento ocorrido há, aproximadamente, 11.000 anos na região da Caverna de Shanidar no Iraque.
O vínculo homem-cão tomou um rumo que, desde então, tem provido os seres humanos com uma vasta variedade de funções que os cães nos oferecem ou executam, como companheiros e proteção e condução de rebanhos.
Visto por esse aspecto, o respeito por um cão deve ser entendido levando-se em consideração o conhecimento desse processo evolutivo para a espécie, bem como pelo processo de domesticação. Caso contrário, haverá grandes chances de que ocorram projeções dignas de análise em uma terapia. Cabe esclarecer que projeção é entendida como a tendência de atribuir a outras pessoas, objetos ou animais, emoções, idéias ou atitudes que na realidade não possuem, mas que se originam de dentro de nós mesmos.
Embora exista uma parcela de donos realmente preocupados com o adestramento do seu cão e o vínculo com ele criado, a grande maioria não vê necessidade em recorrer a um profissional da área de comportamento canino. Uma vez que somente procurariam ajuda em situações mais graves, quando o cachorro representar perigo real para ele e a terceiros.
Neste sentido, quando nos deparamos com uma cena pitoresca de um cachorro com lacinhos, adesivos brilhantes em sua cabeça, unhas pintadas, roupinhas e sapatinhos - não deveríamos achar engraçadinho, bonitinho, etc. Deveríamos sim, questionarmos: Isso é respeitar um animal, uma espécie? Isso pode ser considerado uma forma de mau-trato? Que nível de consciência possui um dono que faz isso com o seu animal? A espécie canina evoluiu para isso?
E, ao invés, de considerarmos que o cachorro é “feliz” vivendo dessa forma, temos que nos perguntar se esse tipo de vínculo é saudável. A resposta é simplesmente não. Porque ela só diz respeito a três coisas: o desconhecimento do dono, a imposição do mercado e as projeções afetivas dos donos. Não é uma relação pautada em uma troca justa, pois não há trocas, o cachorro ganha tudo simplesmente por existir e lógico por ocupar essa lacuna afetiva do dono.
Todas as espécies na natureza (inclusive nós) necessitam trabalhar para sobreviver. Embora os cães em seu processo evolutivo tenham se adaptado ao convívio com os humanos, todos os seus impulsos de predadores estão latentes e facilmente visíveis em seu comportamento. Ignorar esse fato, independente do porte do seu cachorro é não respeitá-lo como espécie.
Entende-se por impulso aquilo que motiva o cachorro a tomar determinadas ações, o que determina um objetivo específico. O impulso de caça, por exemplo, tem como objetivo a aquisição de comida onde o faro do cachorro trabalha de forma mais intensa.
Não é á toa que muitos treinadores e especialistas em comportamento animal têm incentivado o enriquecimento ambiental como uma forma de tornar a vida do animal mais próxima de sua natureza como animal, de forma que ele encontre determinadas dificuldades e desafios que darão vazão a esses impulsos e, como conseqüência, uma vida mais saudável. Em outras palavras, não é saudável para um cachorro ganhar a sua quantia de ração sem a execução de algum trabalho em troca. É necessário que se dê sentido nessa sobrevivência. Há várias formas interessantes de dar sentido e vazão para os impulsos do seu cão, seja brincando com ele, passeando, correndo, com o manejo adequado no convívio ou ensinando-o a correr do seu lado numa guia enquanto você pedala ou anda de skate ou patins. Os exemplos são muitos e é importante que os cães sejam olhados dessa forma. Não é uma questão de escolha, mas sim uma questão de ética!
Um grande abraço a todos.
Ivan Chitolina
3 comentários:
Muito bom! Pena que a maioria das pessoas ao olhar para um cão acham que é "um brinquedo" "um ser que já vem pronto" e quando adquirem um, percebem que ele faz xixi e coco, que dá trabalho, que exige tempo para educá-lo. Ao constatarem esses "problemas" muitos se desfazem dos cães. Falta educação...
Muito bom seu post. É preciso concientizar as pessoas. Animal não é brinquedo.
Falta educação mesmo e conscientização. O MEC deveria incluir a posse responsável de animais no ensino fundamental. Obrigado pelos comentários Beatriz e Cynara. Abraço.
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