Constantemente eu me deparo com adestradores que sempre, mas sempre mesmo, estão a degladiar com os cães que treinam, tendo como referência a teoria da dominância. Ora, tal teoria já foi revisada e não é mais aceita para compreender e explicar a agressão canina. Como se não bastasse, tal teoria está pautada em estudos do comportamento dos Lobos em CATIVEIRO - entenda-se cativeiro como uma pressão ambiental capaz de modificar comportamentos naturais dos animais, sendo assim, um erro presumir que o repertório de comportamentos apresentado em cativeiro é o mesmo que no habitat natural do animal.
Através de novos estudos do comportamento dos Lobos (agora em seu habitat natural), essa teoria foi revisada e foram descobertos outros repertórios comportamentais a aquilo que antes se resumia em Submissão e Dominação. Por conta das novas descobertas que os etólogos fizeram, se passou a entender que interpretar o comportamento canino tendo como referência a Alcatéia e o comportamento lupino, está errado. Não, o cão não estabelece uma relação de dominador ou seguidor com os seus donos e os repertórios de comportamentos que cada cão apresenta INCLUSIVE O AGRESSIVO não deve ser visto por este viés. Outro grande erro é a interpretação GROTESCA feita entre Alcatéia e Matilha. Estão aí os "encantadores de cães" e os "psicólogos caninos" que propagam e reforçam constantemente essa idéia para explicar os comportamentos sociais dos cães. Seria mais correto entendermos o comportamento canino pelo viés dos sentidos caninos, aspectos fisiológicos e ambientais, análise filogenética e ontogenética da raça e indivíduo, a cognição, o processo de domesticação (não é à toa que se chama Canis Familiaris) e as teorias psicológicas comportamentais.
Se a relação Lobo e Cão fosse tão simples, não teríamos muitos problemas para compreender os nossos comportamentos não é mesmo? Pois a quantidade de genes que nos diferem do Chimpanzé é de 1%. Ora, estudem os Chimpanzés e compreendam os humanos e expliquem os seus comportamentos (sabemos que isso não seria possível pelo simples fato de serem espécies diferentes). A diferença de genes entre um Lobo e um Cão é de 3,4 %. Então...realmente se basear nos estudos dos lobos explica e dá conta de compreender o comportamento canino? Os cientistas que estão estudando o comportamento canino afirmam que não. Dessa forma vejo que estamos passando por um processo de revisão de conceitos e paradigmas, porém, sempre haverão aqueles que irão continuar a ecoar aos quatro cantos as mesmas coisas de 40 anos atrás. Não me dirijo a palavra a eles, pois a estes a razão e verdade absoluta são seus companheiros de viagem. Dirijo a aqueles que irão refletir e rever os seus conceitos com base nas novas descobertas e no que escrevi acima. A escolha é de cada um. Se atualizem, leiam, estudem. Sempre vale a pena!
Um grande abraço a todos os leitores do Blog.
Ivan Chitolina
2 comentários:
interessante esse assunto, vamos conversar mais sobre isso! ;)
Boa noite Ana Campos, tudo bem? Realmente é um assunto muito interessante e nos obriga a repensar a forma como enxergamos os cães. Tem assunto para um livro aí rs...
Abraço
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